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O que é Open Banking?

Mas afinal por que lançar um Blog exclusivo sobre o assunto Open Banking? e por que neste momento? Antes de responder à estas perguntas, vou começar explicando o conceito.

Pode parecer algo complexo à primeira vista, mas na prática o Open Banking é relativamente simples. Na sua essência ele é um acelerador e habilitador de novos negócios, através da criação ou expansão de ecossistemas digitais. O alicerce fundamental para a adoção de Open Banking é a abertura e o compartilhamento de dados e informações de negócio através de APIs (Application Programming Interfaces). Este processo permite que os diferentes integrantes deste ecossistema (bancos, fintechs, insuretechs,etc), possam compartilhar informações e ativos de valor, habilitando o lançamento de novas aplicacões de negócio. O foco está em oferecer novos serviços e experiências para o cliente final.

O Open Banking permite, por exemplo, que desenvolvedores independentes ou mesmo fintechs construam seus próprios aplicativos (em um dispositivo móvel, por exemplo), ao consumir dados e APIs disponibilizadas pelas instituições financeiras. E esta “integração” deve ocorrer da maneira mais simples, ágil e segura possível. De preferência, usando modelos de auto-atendimento (ou self-service).

Uma confusão que existe no mercado é entre o conceito de Open Banking e o de Banco Digital. Apesar da convergência natural entre os temas, na essência são assuntos bem diferentes. É muito comum uma instituição financeira ser adepta do modelo digital (multi-canal, sem agências, etc), mas ainda não adotar conceitos de Open Banking. Um Banco Digital pode, por exemplo, expôr APIs, mas as mesmas serem fechadas e utilizadas exclusivamente para consumo interno da plataforma e do time do banco. O Open Banking, entretanto, exige que as APIs passem a ser disponibilizadas para o mundo externo, de tal maneira que possam ser consumidas por parceiros de negócios, Fintechs, ou mesmo por uma outra instituição financeira concorrente. Tudo em prol e no sentido de oferecer experiências únicas e diferenciadas para os clientes finais. No Open Banking o banco “destrava” rapidamente uma informação ou um ativo valioso do negócio como uma API aberta.

O Open Banking tem um grande foco em inovação e permitirá que tanto as instituições financeiras, como as fintechs criem novas ferramentas e aplicações que irão facilitar muito o dia-a-dia dos seus clientes. Alguns cenários interessantes para aplicação de Open Banking:

  • Realizar pagamentos entre instituições, através do consumo de APIs abertas e seguras
  • Criar robôs de planejamento financeiro, agregando serviços de inteligência artificial e aprendizado de máquina (ou machine learning)
  • Desenvolver aplicativos de gerenciamento de carteiras digitais e portfolios de investimentos, delegando para terceiros a gestão de suas contas e ativos
  • Lançar aplicações para controle de gastos, organização e simulação de carteiras de investimentos, organização de tarefas, etc
  • Criar Plataformas de empréstimos peer-to-peer e entre instituições não-bancárias
  • Oferecer sites de comparativos de instrumentos financeiros, taxas, financiamentos, etc
  • Simplemente rachar a conta do restaurante com seus amigos, através de um aplicativo móvel ou chatbot

Ou seja, o Open Banking habilita uma infinidade de novas experiências para o cliente final, acelerando uma corrida no setor por novos e melhores serviços, estimulando a competição e fomentando novas parcerias e redes de colaboração. Na era do Open Banking, o cliente é o “dono” da informação e ele determina com quem deve compartilhar seus dados.

E quanto ao aspecto da Segurança?

Sem dúvida, o tema segurança é uma das principais preocupações ao lançar um programa de Open Banking. Manter a segurança da informação, o sigilo e garantir que os dados dos clientes sejam transmitidos e armazenados com extrema segurança, é um aspecto fundamental. A informação do cliente é um ativo inviolável e, portanto, ele deve estar protegido do risco de ataques de hackers, acessos indevidos ou mesmo adulteração de dados. Uma plataforma de Open Banking deve adotar padrões de segurança de mercado, tais como OAUTH 2.0 e OpenID, permitindo exposição e consumo seguro de APIs, assim como padrões rígidos de segurança no processo de comunicação e transmissão da informação (validação de certificado digital, criptografia, etc). Tudo isso para garantir o sigilo da informação, desde o aplicativo do cliente até o sistema transacional ou “legado” do banco.

E voltando ao meu questionamento inicial, quais os motivadores que me levaram a iniciar um Blog sobre o tema neste momento?

Na Europa, o Open Banking já está avançando a todo o vapor. Por conta da regulamentação bancária européia do PSD2 (Payment Services Directive), os bancos passam a ser obrigados, por força de lei, a fornecer acesso via APIs (a dados de clientes, transações e a seus sistemas de pagamentos), para empresas terceiras, também chamados de Provedores de Terceiros registrados (Third party payment service providers ou TPPs). Na prática, e com o consenso do cliente, uma entidade externa registrada (TPP), como por exemplo uma Fintech, poderá ter acesso a transações e dados bancários, diretamente através da invocação da API da instituição financeira. Em janeiro de 2018, por força do PSD2 as instituições financeiras européias já deverão ter suas APIs expostas para consumo. O objetivo desta lei é aumentar a eficiência dos meios de pagamentos e fomentar a concorrência no mercado europeu. No site Open Banking é possível conhecer um pouco mais sobre o Open Banking em UK, a iniciativa, padrões e biblioteca de APIs expostas.

E quanto ao Brasil?
No Brasil, o banco central já está dando passos importantes na direção do Open Banking, como por exemplo, o lançamento de uma consulta pública propondo normas para regulamentar as operações de fintechs, de forma a permitir, por exemplo, a realização de operações de empréstimo direto (oferecido pela Fintech), ou mesmo diretamente entre pessoas físicas. Ver matéria do G1 “Banco Central propõe regras para fintechs, as startups do setor financeiro” (30/08/2017), em https://g1.globo.com/economia/noticia/banco-central-propoe-regras-para-fintechs-as-startups-do-setor-financeiro.ghtml. Além disso, já se observam movimentos de bancos como o Banco Original e o Banco do Brasil, no sentido de fomentar uma visão orientada a Open Banking. Ver matéria do Valor Econômico “Bancos começam a abrir sistemas a desenvolvedores” (15/08/2017), em http://www.valor.com.br/empresas/5080004/bancos-comecam-abrir-sistemas-desenvolvedores.

Além de todo este contexto de negócios, e como eu já falei no meu primeiro post, os recentes avanços tecnológicos da cloud computing, da inteligência artificial e do machine learning, as tecnologias de automação e da economia das APIs, criam um cenário propício para as iniciativas de Open Banking. Nos próximos posts, vou detalhar melhor os aspectos de tecnologia que “movem” o Open Banking, e porque é fundamental a visão e adoção do Open Banking como plataforma. Uma estratégia efetiva e bem planejada de Open Banking pode trazer resultados rápidos.

8 comentários sobre “O que é Open Banking?

  1. Tenho uma duvida. O Banco abrirá seu sistema e um desenvolvedor terá acesso para a partir deste acesso, desenvolver um novo produto para seus clientes?

    • Haroldo, correto! É importante também perceber que no modelo Open Banking o cliente passa a ser o “dono” da sua informação, e é ele quem define se quer ou não, e para quem expôr os seus dados. O banco abrirá os seus sistemas, porém os dados dos clientes só serão compartilhados com o consentimento dos mesmos. Uma vez que este dados sejam expostos usando APIs e padrões abertos, isso permitirá que desenvolvedores externos possam criar novos produtos, fazendo bom uso destes dados e informações.

  2. Olha eu aqui passando novamente, Estou acompanhando seu Blog que é Maravilhoso! Essas informações tem me ajudado bastante e acredito que outras pessoas também. Sou grata. Sucesso Sempre!!

  3. Artigo muito importante e atualizado no mercado financeiro. Estudando esse assunto para provas de concursos públicos na área bancária.

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