Open Finance Brasil

O conteúdo mais completo de Open Finance do Brasil

Por: Francisco Tega, Senior Advisor e Business Developer da Serasa Experian.

Esse artigo contou com a colaboração de Davi Cunha, CEO do bank4.

Nesses últimos meses temos ouvido uma profusão enorme de temas e expressões relacionadas com inovação, transformação digital, disrupção, quebras de paradigmas, dentre outras.

Por exemplo, numa busca rápida na internet, encontramos os tópicos que mais foram discutidos e quais as tendências no mundo corporativo e de tecnologia:

  • Transformação Digital – Gestão da Inovação
  • LGPD – Código de ética Digital
  • Fake News – Cuidados necessários quanto ao que lemos e ouvimos
  • Customer Experience – O que nos atrai não necessariamente são os melhores produtos e serviços, mas são aqueles que oferecem uma melhor sensação, atendimento ou experiencia

Todos esses que mencionamos já fazem parte do nosso dia a dia, e por isso não podemos deixar de lado ou simplesmente não buscar entender e se ajustar.

Não menos relevante, surge nesse turbilhão de informações o que iremos tratar, o Open Banking.

O que é e o que, não é?

Por definição, o Open Banking não é uma Instituição, um software ou uma organização, antes é um conceito baseado na abertura de APIs (application programming interfaces), e que de forma simples, trata-se da premissa de que os dados que os bancos têm sobre os clientes pertencem a eles, os consumidores, e não às instituições financeiras.

Esse novo modelo de negócio permitirá que os clientes tenham autonomia para compartilhar e gerenciar suas informações, relacionadas aos serviços e produtos financeiros, bem como seu histórico de relacionamento com uma instituição, banco, fintech ou insurtech.

A frase “Dados são o novo petróleo” (originalmente em inglês: “Data is the new oil”), criada pelo Matemático Britânico Clive Humby, reflete bem o objetivo desse conceito, ao permitir que cada cliente gerencie sua vida financeira, não de forma isolada ou restrita à uma organização, mas possa usufruir desse valioso bem (seus dados!) como meio de obter melhores condições em empréstimos, taxas ou quaisquer outros serviços. E para as instituições, a vantagem de liberar os dados está na possibilidade de se integrar a novas plataformas e disponibilizar novas experiências para seus clientes.

Como funciona?

Através de um aplicativo de terceiros, o usuário poderá visualizar, e até gerenciar suas finanças, produtos e serviços contratados, tais como faturas de seus cartões de crédito ou private label, seguros, aplicações e investimentos, independente das instituições financeiras de origem de cada produto ou contrato, simplificando o acesso e visualização, bem como possibilitar comparar ofertas e serviços. Também, como próximos passos, realizar transações financeiras não exclusivamente via aplicativo ou site do banco específico, e sim através de uma plataforma.

Por exemplo, o uso de uma plataforma pode auxiliar no gerenciamento de um pequeno negócio, ao centralizar as informações de opções de linhas de crédito, que compara as condições oferecidas pelos bancos e fintechs nas quais o empresário já possui relacionamento, e com base nesses dados (que com o open banking passam a ser do cliente, e não da instituição), direciona, recomenda e apresenta as possibilidades mais adequadas e de menor custo considerando o perfil deste cliente, por exemplo.

Com isso, segundo comentário de Guga Stocco (linkedin.com/in/gstocco), mais de 20 anos de experiência na criação e transformação de negócios digitais, as instituições com o advento do open banking “terão de decidir se serão uma grande funcionalidade ou um ecossistema, e como funcionalidade o foco será no produto, e se decidir por ofertar um ecossistema, seu foco será na persona, abrangendo todas os serviços e produtos”. Sendo assim, o conceito de “coopetição” será cada vez mais aplicável, em especial no Brasil, devido a sua pluralidade e diversidade regional, bem como diversas opções de aplicativos.

Levando em consideração essa abordagem, Davi Cunha (linkedin.com/in/davicunha), atualmente CEO do BANK4, esclarece de forma direta e prática as formas essenciais de instituições consolidadas adotarem o Open Banking atualmente, por exercerem seu papel de:

  • Integradora,
  • Produtora,
  • Distribuidora, ou
  • Plataforma.

Segundo comentado por Davi Cunha, “esse conceito aplicado ao mercado financeiro se traduz em um ambiente que facilita a troca de valor entre produtores e consumidores, um modelo que conecta bancos e fintechs e move toda uma indústria por meio de forte colaboração”.

Quais os desafios?

Um dos maiores desafios está no desenvolvimento da tecnologia e da padronização necessária, por parte das grandes instituições, para disponibilizar os dados e ao mesmo tempo minimizar os riscos envolvidos. Não basta exclusivamente desenvolver uma API que se conecte e forneça informações, abrange respeitar padrões de segurança, oferecer confiabilidade, prover acesso apenas quando autorizado. Devem ser observados também os processos e fatores de verificação para evitar fraudes e usos indevidos, observação das regras e limitantes expostos na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que vão além da aplicação de criptografia nos dados.

Todas essas considerações demandam dos reguladores a organização e a publicação de regras de operacionalização. Na Europa, a regulamentação e homologação da PSD2 (ou Payments Services Directive 2) está em vigor desde 13 de janeiro de 2018, e exige a disponibilização de acesso aos dados dos clientes via APIs, incluindo acesso a transações de conta corrente. No Brasil, em 24 de abril de 2019 o BACEN (Banco Central) publicou um Comunicado (Comunicado n° 33.455/19) com as principais diretrizes e requisitos fundamentais para implementação do Open Banking no Brasil, porém o mesmo deverá ser colocado em prática em fases, a partir do segundo semestre de 2020.

Quem serão os beneficiados?

Apesar de ser um tema novo, já temos condição de afirmar que os maiores beneficiados serão as fintechs (empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros), e também os consumidores pois a expectativa é terem mais opções, melhores serviços e com custos menores.

Referências:

https://openbankingbrasil.com.br/open-banking/quatro-estrategias-para-instituicoes-financeiras-adotarem-o-open-banking/

https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/50579/Res_4656_v1_O.pdf


https://issuu.com/revistaciab/docs/pesquisa_febraban_de_tecnologia_ban_74c5e71607dd95

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.