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Open Banking: Como a Inteligência artificial impacta a estratégia de Gestão de APIs

Atualizado em 21/05/2018

Em meu último artigo eu expliquei o conceito de Open Banking e comentei sobre a importância de expôr ativos valiosos do negócio, compartilhando dados, informações e insights através de APIs abertas. Alguns podem pensar que “Open Banking” é apenas mais um nova denominação para um projeto genuíno de gestão de APIs, ou simplemente API Management. Na verdade, expôr APIs é apenas parte de uma jornada de transformação muito maior, representada por uma nova estratégia que impacta diretamente o negócio e promove inovação nas empresas.

Ao avançar com um projeto de Open Banking, adotar uma estratégia centrada em APIs é fundamental para o sucesso. As APIs são elementos essenciais para fortalecimento de uma cultura digital e são elas que permitirão que as empresas possam desbloquear rapidamente seus ativos, criando valor para o negócio. Não importa qual o tipo de organização, seja ela um banco, uma cooperativa de crédito, uma corretora de valores ou simplesmente uma fintech com um novo modelo disruptivo de negócio digital. Todo o ecossistema pode se beneficiar através do consumo ágil e consistente destas APIs. E quando pensamos em um modelo de interação digital, as APIs são como um grande “sistema nervoso” que controla e governa todas as interações.

Neste contexto, podemos afirmar que uma estratégia de API Management é uma das peças fundamentais para a adoção consistente de um modelo Open Banking. Expôr sistemas legados e aplicações “core” da empresa, usando padrões modernos de integração (ex. REST), desacoplar a lógica de negócios usando uma estratégia de microserviços, proteger o acesso aos sistemas usando protocolos avançados de segurança (ex. OAUTH2), ou mesmo garantir agilidade e segurança durante o acesso a dados sensíveis dos clientes. Esta estratégia permite acelerar a criação de novas fontes de receita, modelos de consumo, além de simplificar a monetização dos ativos expostos como APIs. E claro, não podemos esquecer a perspectiva do desenvolvedor de aplicações, que deve ter acesso simples, transparente (bem documentado) e seguro a estas APIs, seguindo um modelo de auto-serviço. Governar de forma eficiente suas APIs é pois uma peça e estratégia fundamental em um contexto de uma iniciativa de Open Banking.

APIs, AI, Machine Learning, Cloud can disrupt financial sector
APIs, AI, Machine Learning e Cloud podem trazer disrupção para o mercado financeiro

O novo contexto de negócio tem sido fortemente marcado pelas mudanças tecnológicas e pelo novo perfil e comportamento dos consumidores. Agora, o cliente domina como ninguém a tecnologia e ele é essencialmente digital, ou seja, busca constantemente novas experiências e serviços que facilitem seu dia-a-dia. Para se destacar, o provedor de serviços financeiros precisa conhecer como ninguém o comportamento desta nova “geração” de consumidores, além de fazer uso efetivo da tecnologia para entregar respostas rápidas às mudanças de hábito e dinâmica do mercado. Podemos afirmar que o setor financeiro está rapidamente tornando-se extremamente depende da tecnologia, como estratégia de diferenciação. Há casos de bancos, como exemplo o próprio Goldman Sachs que já se declarou como uma empresa de tecnologia.

O advento da Inteligência Artificial (ou AI) e do Aprendizado de Máquina

Para se manterem competitivas, as instituições financeiras estão passando por uma forte transformação, em diferentes aspectos, não só de negócio, mas também tecnológicos, culturais e no próprio “mindset” organizacional. Os avanços da inteligência artificial (AI) irão contribuir e aumentar sensivelmente a produtividade destas empresas, seja através da identificação de um comportamento único do consumidor durante um pagamento, ou mesmo ao facilitar a criação de uma experiência personalizada como, por exemplo, ao recomendar um investimento ou alertar um cliente de uma conta em atraso. Com o Open banking a instituição financeira tem a possibilidade única de delegar para um terceiro (uma Fintech, por exemplo) a criação de novos produtos digitais, parceirizando com o banco, enquanto este fornece dados e informações valiosas para o seu negócio, sempre através de APIs abertas. Ou seja, o Open Banking não só oferece conectividade para o ecossistema, mas entrega valor, ao “destravar” dados e informações guardadas até então a “sete chaves” pela instituição financeira.

A capacidade de processar e analisar grande volume de dados com muita rapidez,  extraindo “insights” do consumidor em tempo real, será crítica para todo este ecossistema. Um projeto de Open Banking alavanca fortemente o uso de tecnologias analíticas e de aprendizado de máquina (ou Machine learning), contribuindo na identificação de padrões de comportamento do consumidor e traçando recomendações, como por exemplo: auxiliando o cliente no gerenciamento de uma carteira de ativos financeiros, ou mesmo ao realizar uma avaliação personalizada de risco, no momento de um financiamento.

Interagir com o cliente nos diferentes canais, oferecendo experiências incríveis (UX) e com extrema segurança, diretamente no dispositivo e no momento exato da interação. Com Open Banking a instituição financeira tem a possibilidade única de delegar para um terceiro (uma Fintech, por exemplo) a criação destas novas experiências. Uma plataforma de Open Banking deve ser capaz de “aprender” à partir das interações passadas com os clientes, antecipar tendências e permitir a tomada de ações imediatas e, para tal a tecnologia de inteligência artificial e o machine learning devem fazer parte do “core” da solução. Um exemplo de plataforma que oferece serviços prontos de inteligência artificial, machine learning e tecnologia cognitiva é o IBM Watson. Em outras palavras, atrelar a tecnologia de inteligência artificial às suas APIs, pode acelerar a entrega de novos produtos digitais, automatizar tarefas, além de aprimorar a experiência do consumidor final.

Quer um caso prático de como a Inteligência artificial pode se tornar um grande diferencial competitivo? Tome, como exemplo, o caso da Ant Financial, fintech do grupo Alibaba e responsável pela operação da Alipay. A empresa possui uma plataforma de empréstimo focada noa indivíduos e pequenos negócios que precisam de capital. A experiência de concessão de crédito é extremamente simples na plataforma. Basicamente, são necessários 3(três) minutos para preencher o formulário de solicitação de empréstimo e 1(um) segundo para analisá-lo e aprová-lo ou rejeitá-lo em tempo real (é isso que você leu, 1 segundo). Todo o processo é 100% automatizado e sem interação humana. Como eles conseguem este feito? Uso efetivo e consistente da inteligência artificial. Sim, a AI já impacta negócios ao redor do mundo, e contribui para oferecer novas experiências e com extrema personalização.

Em resumo, Open Banking é de fato uma mudança de atitude, “disruptivo” por natureza, com foco no digital e no ágil, ao reinventar o modelo tradicional de B2B (business to business), com forte colaboração e centrado no estabelecimento de ecossistemas. Na estratégia Open Banking, a instituição financeira torna-se uma plataforma digital, alavanca e integra de maneira transparente o que há de mais novo em termos de tecnologia, entregando experiências únicas e extremamente personalizadas para os consumidores finais.

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