O Banco Central e as instituições financeiras, ao longo dos últimos anos, uniram esforços para estabelecer as condições regulatórias e tecnológicas necessárias para a implantação do open banking no Brasil, os quais levaram ao início da operação da primeira fase no último dia 1º de fevereiro. Apesar dessa primeira fase gerar poucos benefícios aos consumidores, ela traz mudanças ao mercado financeiro e funciona como um alicerce para as próximas fases.
Neste momento, os bancos compartilham informações públicas como a localização de suas agências e os valores e taxas dos seus produtos e serviços através de APIs, o que permitirá a criação de aplicativos que agreguem todas essas informações em um único local. Em outras palavras, as pessoas não mais precisarão acessar os diferentes sites das instituições financeiras para comparar os custos dos produtos e serviços bancários ou para descobrir o ponto de atendimento mais próximo.
Além disso, a partir da experiência de implementação desta etapa, os bancos puderam perceber que esse é um projeto complexo e que os desafios irão aumentar nas próximas fases. Estamos falando, por exemplo, do desenvolvimento de funcionalidades como a gestão de consentimento e integração com diretório de participantes. Esse será um processo de evolução contínua, pois todas as APIs deverão seguir o padrão estabelecido pela autorregulação, que sofrerá diversas mudanças ao longo do tempo. No Reino Unido, por exemplo, o padrão das APIs já evoluiu oito vezes.
Os bancos precisarão utilizar essa experiência para refletir se compensa alocar os seus recursos tecnológicos e capital humano para atender os requisitos da autorregulação, ao invés de utilizá-los para desenvolver produtos e serviços que atendam melhor as necessidades dos seus clientes.
Esses aprendizados são importantes não só para evitar que tenhamos a mesma experiência do Reino Unido, onde o processo de adoção do open banking custou mais de 100 vezes o valor estimado inicialmente e levou o dobro do tempo para ser finalizado, mas também para acelerarmos as fases 2, 3 e 4, pois estas trarão benefícios substanciais tanto para as instituições financeiras, quanto para os consumidores.
Nas próximas fases, os consumidores terão a possibilidade de compartilhar as suas informações cadastrais e financeiras, o que permitirá a estas instituições não só compreenderem melhores as necessidades dos seus clientes, mas também criar ferramentas que ajudem os consumidores a organizar as suas finanças (aplicativos de gestão financeira, por exemplo).
Em suma, a implementação da fase 1 foi um grande passo para a evolução do sistema financeiro brasileiro, porém os maiores desafios e benefícios do ecossistema ainda estão por vir. A instituição financeira não precisa percorrer esse caminho sozinha, pois existem empresas de tecnologia cujo expertise permitirá acelerar a execução do open banking, além de possibilitar a redução significativa dos custos dessa jornada.
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