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Open Finance para a Sustentabilidade

Com a COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que aconteceu em novembro de 2021, diversos países ao redor do mundo sentiram a pressão para cumprir com os seus compromissos quanto à redução de incentivos e no consumo de combustíveis fósseis, assim como avançar em suas jornadas de descarbonização em direção a uma economia Net Zero (ou carbono neutro).

Espera-se que o impacto do aquecimento global se torne ainda mais severo nos próximos anos e décadas e que o planeta continue a sofrer com desastres naturais, cada vez mais exacerbados pelas mudanças climáticas. Em resposta, todas as pessoas, empresas, governos e organizações estão sendo desafiadas a reduzir sua “pegada” ambiental e suas emissões de carbono, nesta difícil transição para uma economia verde, e que torna-se cada dia mais urgente.

Os consumidores e empresas conscientes de hoje são cada vez mais motivados por preocupações ambientais, e concordam com o valor e a importância dos temas relacionados com a sustentabilidade e aos impactos climáticos e ambientais. De acordo com um estudo recente da KPMG, 85% das pessoas em geral procuram informações sobre sustentabilidade, pouco mais da metade delas através da Internet.

Indústrias como meios de transporte, energia e manufatura, sempre tiveram um papel claro a desempenhar na redução de seu impacto ambiental. Agora, torna-se cada vez mais importante que o setor de serviços financeiros desempenhe um papel ainda maior para alcançar um futuro mais sustentável. E este pedido vem das gerações mais jovens de consumidores que agora exigem que os provedores de serviços financeiros sejam cada vez mais conscientes com relação aos aspectos ambientais e que seu dinheiro seja investido de forma ética e sustentável.

De acordo com um novo relatório da empresa de soluções bancárias em Nuvem, a Mambu, mais de dois terços (67%) dos consumidores desejam que seu banco ou instituição financeira se torne mais sustentável no futuro próximo. O relatório foi resultado de uma pesquisa com cerca de 6.000 consumidores em todo o mundo, sobre suas atitudes em relação às finanças verdes.

O resultado da pesquisa mostra também que embora a maioria dos consumidores seja a favor e procurem por opções financeiras mais verdes e ecológicas, ainda permanecem céticos sobre o quão fortemente os bancos estão comprometidos com a agenda de sustentabilidade.

Agenda de Sustentabilidade

No Brasil o tema ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) também passou a fazer parte de discussões do Banco Central do Brasil relacionadas à execução de políticas monetária e cambial, além de incorporar a necessidade de avaliação de riscos climáticos pelo regulador e pelas instituições financeiras nacionais. Iniciativas como o “green bureau” ou bureau verde, que estabelecem critérios sociais, ambientais e climáticos às operações de crédito rural, evidenciam o avanço e importância da agenda ESG no sistema financeiro nacional.

Importante destacar que a agenda climática está se tornando obrigatória para o setor privado e é oriunda de uma nova onda regulatória global a favor do clima, onde diversos países vêm consolidando regras para a divulgação e o gerenciamento de riscos climáticos, além do controle de emissões de gases de efeito estufa.

Em 19 de maio de 2022, o governo federal do Brasil publicou o Decreto nº 11.075 que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, estabelece procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare).


Segundo o governo, o foco da regulamentação será a exportação de créditos, especialmente a países e empresas que precisam compensar emissões para cumprir com compromissos de neutralidade de carbono. Trata-se de um pontapé inicial importante para estabelecer regras, definir a governança e avançar com o mercado de créditos de carbono no Brasil, tão essencial para que empresas e organizações possam cumprir suas metas de redução de emissões de carbono, em direção a uma economia ‘Net-zero’. Iniciativa esta que foi bastante aguardada por participantes do mercado e do agronegócio brasileiro.

Dados financeiros e Insights direcionados

As instituições financeiras normalmente coletam grandes quantidades de dados de clientes, tais como informações de transações financeiras, comportamento de compra do consumidor, empréstimos contratados, preferências e hábitos de consumo consciente, entre outros. Ao utilizar e analisar estes dados transacionais, elas podem obter importantes insights, não apenas com relação ao dinheiro que alguém está gastando, mas também sobre o local da compra, o tipo de produto, assim como de quem os consumidores estão comprando.

Uma pesquisa recente da empresa Tink descobriu que 53% dos jovens de 18 a 34 anos desejam que seu provedor de serviços financeiros os ajudem ativamente a mitigar seu impacto ambiental individual e cerca de 23% dos entrevistados já estão usando algum tipo de aplicativo para registrar sua pegada de carbono.

Instituições financeiras podem envolver e educar os consumidores de maneiras novas e não convencionais. Os bancos podem, por exemplo, utilizar seus dados de transações de pagamentos para categorizar hábitos de consumo e vincular compras de produtos e gastos com viagens, às respectivas pegadas ambientais. A partir daí, uma estimativa pode então ser feita a partir desses dados de pagamentos, da quantidade de emissões pelas quais um indivíduo é responsável e assim calcular as emissões de carbono destes usuários.

Outra maneira é incentivar estes consumidores, cada vez mais conscientes de seu papel, a atingir metas pessoais, relacionadas ao seu estilo de vida e a bons hábitos de consumo. Esses dados e informações podem ser usados para orientar as ações dos indivíduos, de forma produtiva, e ajudar que empresas e organizações redirecionem o foco e a estratégia do negócio em direção a uma pegada mais sustentável.

Open Finance e Sustentabilidade

O compartilhamento dos dados do Open Finance tornou possível criar uma visão completa do histórico e da jornada financeira do consumidor. Por meio de APIs (ou Application Programming Interfaces), bancos, fintechs e instituições financeiras podem complementar os dados de relacionamento que possuem de seus clientes com informações financeiras mais completas, tais como dados em contas de depósito, empréstimos contratados e cartões de crédito, que hoje estão em poder de outras instituições financeiras. Ao alavancar a interoperabilidade e a troca de dados entre as instituições autorizadas, o Open Finance pode impulsionar a inovação, aprimorar a experiência do cliente e fornece as bases para a entrega de serviços ainda mais personalizados.

Com as instituições participantes do Open Finance, incorporando a cada dia, mais serviços financeiros em suas ofertas e potencializados pela força dos dados dos consumidores, as instituições financeiras agora devem decidir qual o papel que desejam desempenhar nestes novo ecossistemas bancários aberto. Os bancos, por exemplo, têm um papel crucial a desempenhar neste processo e por que não podem inspirar os consumidores a tomarem decisões mais sustentáveis.

Informações tais como dados transacionais e de pagamentos realizados agora podem ser aproveitadas para distribuir conselhos (ou insights) acionáveis em prol da sustentabilidade, incluindo recomendações de produtos e serviços de alto valor agregado aos usuários finais e conectados ao estilo de vida de cada um destes consumidores.

As contas correntes, por exemplo, são uma vasta fonte de dados e de diversas informações que podem ser derivadas destas transações. Ao agregar, categorizar e analisar transações, o Open Finance permite criar significado à partir dos dados coletados para ajudar que pessoas tomem decisões mais informadas em prol de hábitos financeiros saudáveis e sustentáveis e com o potencial de ajudar a mudar o comportamento dos clientes, destacando como eles poderiam reduzir a pegada de carbono, por exemplo. No mínimo, as calculadoras de pegada de carbono podem sinalizar aos consumidores que seus estilos de vida têm consequências negativas, incentivá-los a mudar e engajá-los a tomar medidas concretas.

Ao alavancar o Open Finance, as instituições financeiras podem fortalecer ainda mais suas bases como agentes de transformação, aproveitando o impacto positivo da colaboração entre setores e com o ecossistema, o que inclui as parcerias entre bancos e fintechs. Trabalhar em conjunto pode potencializar a inteligência de negócio, analítica e o lançamento de novos produtos e serviços que utilizam dados de transações para capacitar o consumo consciente, sustentável, baseado em fontes renováveis e em ações que reduzam as emissões de gases do efeito estufa. Esses serviços também podem se tornar um ponto de contato para a oferta de produtos verdes e o estabelecimento de relacionamentos ainda mais fortes com clientes preocupados com questões climáticas e ambientais.

Este pode ser um divisor de águas para o papel da Sustentabilidade no setor financeiro e o Open Finance pode ser decisivo para ajudar a atingir esse objetivo, como uma verdadeira força motriz para que instituições financeiras, bancos e fintechs ofertem produtos, serviços e experiências que realmente inovem em termos de práticas sustentáveis, façam a diferença na vida das pessoas e causem impacto positivo para toda a sociedade.

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